No centro do Plano Físico uma condensada esfera de Energia e Matéria vibrava e emitia Magia na forma de luz. A instabilidade e a concentração dessa Energia a levava a se expandir de tempos em tempos em explosões radiantes de Energia e Matéria, que geravam pontos de luz ou corpos celestes no meio do nada. Uma vez, porém, a força dessa explosão foi tão grande, que resultou na fragmentação da esfera em diversas partes.
Um dos fragmentos formou uma esfera de Matéria mais estável, com Energia pulsando de diferentes pontos e focos. A Energia dissipada modificava a Matéria, que por sua vez influenciava a apresentação da Energia. Da Matéria pulsante e rica em Energia surgiram os primeiros seres vivos.
O texto acima, "A Energia, a Matéria e a Magia", é mantido na história por meio da tradição oral e apresenta a breve mitologia da criação dessa religião. Essa religião parecida com o animismo não valida a existências de deuses ou na Mitologia da Criação. Por outro lado, venera entidades não humanas, animais, plantas e fenômenos da natureza como seres mágicos oriundos dos ciclos da Matéria e da Energia. Os Anciões ensinam os mais jovens os princípios e as morais.
Princípios:
- O Universo é eterno e não há criadores;
- Tudo e todos são feitos de Matéria;
- A Matéria em sua essência é infinita, cíclica e pulsante;
- A pulsação da Matéria é derivada da Energia que a ela está relacionada;
- A Energia é cíclica e se apresenta de diversas formas;
- O acúmulo ou foco de Energias em algum centro de Matéria pode gerar um ser vivo;
- A manipulação da Energia sela ela dispersa ou vinculada à um corpo de Matéria é chamado de Magia;
- Magia é por si só uma habilidade inerente à todo ser vivo, mas para utilizá-la é preciso treinamento;
- A Matéria é pertencente ao Plano Universal (equivalente ao Físico);
- A morte é o fim de um ciclo, e a Energia se desvincula da Matéria;
- A Energia, quando não associada à Matéria, tem a tendência de se dissipar e segue a trajetória até a Âncora (o centro do planeta);
- A Energia quando dissipada retorna da Âncora para se vincular à uma nova forma de Matéria;
- Os seres vivos naturalmente modificam a Matéria inanimada ao seu redor;
- Seres vivos não podem livremente modificar os ciclos.
Morais:
- A existência de outro planos não é relevante para os ciclos em Ryanmar ou para a manipulação da Magia;
- Todos os seres vivos, assim como corpos de Matéria não energizada, possuem igual valor e estão interligados por conexões e ciclos energéticos - é nosso dever mantê-los em equilíbrio;
- Toda Matéria retirada da natureza deve ser reposta em um pequeno intervalo de tempo para não desestabilizar os ciclos naturais;
- O luto é compreensível e aceitável, como forma de reflexão sobre os ciclos de vida e morte;
- É permitida aos seres vivos que manipulam Magia trazer à vida Matéria inanimada, desde que a ação não seja um dos atos imorais e proibidos;
- Àquele que tirar uma vida por engano, por ato mágico ou não, deve se entregar à natureza sob uma nova forma para equilibrar o círculo, ou, devolver a Energia na forma de Matéria animada antes que os ciclos entrem em desequilíbrio;
- Tirar a vida em guerras ou conflitos que envolvam risco de vida próprio, são permitidos para defesa pessoal, mas nunca devem ser feitos sem que antes se esgotem as opções de evitar o acontecido.
É imoral, ou não aceitável:
- Venerar deuses ou entidades com o intuito de glorificação única;
- Utilizar-se de meios mágicos, ou não, para romper ou alterar ciclos naturais;
- Utilizar-se de formas não naturais para tirar a vida de algum ser vivo, que tenha nascido ou não.
A celebração da passagem das estações é muito importante para essa religião. Equinócios e solstícios são considerados momentos anuais de concentração da Energia e são celebrados em comunidade, reunindo a população dos vilarejos e comunidades mais próximas que compartilhem a mesma crença. São realizados períodos de pequenas alimentações - com repúdio ao excesso -, períodos de meditação e conexão com a natureza e entidades veneradas, momentos de comemoração com música, dança e apresentações teatrais, leitura de histórias e momentos de socialização e troca de aprendizados. Cada equinócio é decorado e apresentado com a temática das estações que terminam e começam.
Acredita-se que nos equinócios as energias seguem seus caminhos até a Âncora. As celebrações de equinócios são momentos de reflexões sobre as vidas perdidas de entes queridos, que são relembrados como importantes elos para a manutenção do equilíbrio. Àqueles que permanecem no luto podem procurar um mestre ritualístico que entoa cânticos sobre o equilíbrio e a morte. É dito que o luto quando duradouro é um desequilíbrio das formas de Energia nos indivíduos, assim o mestre ritualístico as estabiliza nesse momento por meio do canto e de movimentos com a mão (Magia), como resultado a pessoa saí com a mente limpa e clara. Àqueles que tiraram vidas injustamente podem se redimir entregando suas vidas de forma ritualística, entrando nas matas ou entremeando-se nas montanhas sem carregar pertences, armas, focos de Magia, alimentos ou água. Nascimentos que acontecem nos equinócios são vistos por superstições como sinais de que a criança não viverá muito tempo.
Já durante os solstícios, as energias seguem seu caminho retornando da Âncora. Portanto, no primeiro dia do verão e do inverno, celebram-se a renovação das diferentes formas de vida e o crescimento dos organismos. É dito que é o momento de principal energização da Matéria, portanto um momento de aprendizado e concentração. É o momento de demonstração dos aprendizados mágicos, assim como da celebração da existência por mais um ano de vida das crianças e adolescentes (Seguidores dessa fé não celebram aniversários no dia do seu nascimento, mas sim nos Solstícios de Verão, e de forma coletiva). Nascimentos que ocorram durante a semana do solstício são celebrados como sinal de vida longa.
Também é no solstício mais próximo que ocorrem os ritos de união de casais, sendo que a comunidade aceita casamentos poligâmicos, de mesmo sexo ou sexo diferentes. As duas únicas obrigações é de serem maiores de 20 anos, na idade humana, e ser uma união consentida por todas as partes envolvidas. O casamento não é visto como necessário para a geração de uma nova vida, pois acredita-se que o surgimento de uma nova vida não depende do desejo dos seres vivos, mas sim do fluxo constante de Matéria e Energia. Assim, o matrimônio é a união das vidas e ciclos cotidianos com o único fim de estabelecer conexões que venham à tornar o ciclo da vida mais agradável de se viver (porque ele pode ser doloroso também).
Os seguidores podem ter alguma afeição maior por alguma entidade ou força energética específica que pode ser venerada ou buscada como forma de orientação, mas nunca glorificada como entidade maior. Muitos cultuam as entidades mais próximas dos locais em que vivem. Podem possuir templos na forma de construções abertas com figuras da natureza, ou possuírem objetos da natureza que vinculam à Energia e funcionam como ferramentas para manipulação da Magia. O mestre ritualístico entona canções sobre o início de ciclos e o renascimento. Àqueles que tiraram vidas injustamente podem se redimir fornecendo novas fontes de concentração de Energia nesse período, desde que garantam a estabilização dos ciclos.
O Mestre Ritualístico: Geralmente um(a) senhor(a) anciã(o) que veste uma coroa de plantas e um ramo de folhas das plantas da estação. Suas vestes são leves e coloridas nas estações quentes e claras nas estações frias. São eles que contam histórias para as crianças e jovens, sobre os aventureiros da comunidade ou sobre a religião, e os ritos de matrimônio e sacrifício. Geralmente uma comunidade média possui cerca de 2 ou 3 mestres ritualísticos, enquanto cidades grandes podem possui até 10, dependendo da necessidade de se atender à população.
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